De repente, o clima fica estranho, pesado, sufocante...
A morte sempre tem esse efeito sobre os humanos, deixa
o ar denso e turvo.Às vezes, eu me pergunto o motivo
dessa reação e acabo com mais dúvidas, como sempre.É
claro que quando se trata de uma pessoa jovem, em plena
flor da idade,que tinha acabado de passar no vestibular;
que ganhou um carro; conseguiu um emprego;tinha
encontrado o amor de sua vida; ou, pior ainda, que era
a única pessoa que cuidava de um parente doente; que
sustentava a família necessitada;ou que simplesmente
estava ali, sadio, com a vida inteira pela frente, e
PUF, morre... Ficamos surpresos (eu pessoalmente fico
chocada), mesmo quando não temos nada a ver, quando é o
parente de um amigo, alguém com quem nunca falamos,
ficamos indignados e às vezes revoltados com a vida,
com a força que move o universo e que deixou que aquilo
acontecesse. Mas a intenção não é falar sobre Deus, ou
sobre o que acontece após a morte, porque essa é uma
questão pessoal demais, e apesar de eu ter uma opinião,
em constante formação, sobre este assunto,não me sinto
apta a falar nesse momento. O que realmente tem me
deixado pensativa é a forma como nós encaramos a partida
das pessoas. O meu avô, de 80 anos, faleceu ontem, e o
clima familiar está o esperado: Triste. Mas eu me
pergunto: “O que é isso que sentimos?” Quero dizer,ele
tinha 80 anos, a companheira dele, o amor da vida dele,
já partiu há quase 5 anos, os filhos estão todos adultos,
ele já estava com a consciência meio baqueada, caducando...
Não acredito que partir, possa ser considerado ruim ou
injusto para ele e, por ele mesmo. Eu pessoalmente estaria
feliz,porque iria,digamos assim, descansar e quem sabe
reencontrar as pessoas que haviam partido antes de mim.
Mas, a família fica arrasada, o ambiente é terrível.E aí
vem outra pergunta: “Por que ficamos tão mal?”Na minha
opinião é porque amávamos a pessoa e agora não vamos mais
tê-la por perto, vamos sentir saudade,aí surgem as
lembranças dos bons momentos e as lágrimas escorrem ou
não (no meu caso). Mas às vezes eu me revolto com isso,
porque parece egoísmo, daquelas pessoas que choram em
desespero, como se o mundo fosse acabar.É como se
ficássemos mais tristes por nós mesmos,como se fossemos
vítimas e não soubéssemos o que fazer da vida sem aquela
pessoa, até que algum tempo depois a vida vai voltando
ao normal e nos acostumamos com ausência, a rotina muda
e tudo vai se organizando,as lembranças ficam mais vagas
e começamos a sentir que a vida está normal novamente.
Eu não tenho conhecimento suficiente,nem direito de
julgar isso,talvez eu mesma acabe agindo assim quando
se tratar de alguém que eu ame muito mesmo, mas acredito
que devíamos ser mais ponderados.
Mas, vou parando de tentar dissertar sobre coisas tão difíceis e aproveitar
para lembrar os bons momentos com meu avô. Vou sentir saudades.
De tantos netos, eu parecia especial, e é tão difícil eu me sentir assim,
que realmente fico meio triste por saber que não vou mais vê-lo. E as
lágrimas até ameaçam aparecer quando me lembro dele, sempre perguntando
por mim, ou apanhando condessa (uma fruta que eu gostava) lá no quintal
e escondendo para amadurecer para me dar; e na vez em que ele comprou
uma chinela havaiana preta nº 42 (eu usava 37) e me deu todo feliz; e uma
das últimas lembranças, há quase 3 anos,no dia em que saímos da cidade
e que ele chorou dizendo que não ia mais nos ver.Mas é a vida, acredito
que eu ficaria feliz se as pessoas sentissem por mim (quando eu morrer)
o tipo de saudade que estou sentindo dele.
P.S: Esse texto está mal formatado por culpa do blog que não
quer colaborar comigo...