segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A barata e o surto

Uma barata teimosa, você já detesta barata e ela ainda teima em te perseguir, você usa o que tem na mão para expulsá-la, e ela não sai...Então...Tã-ram...Um surto psicótico... Gritos, e o tão aliviador Choro angustiado, descompensado (aliviador só na hora, pq depois vem uma dor de cabeça desgraçada). E sua irmã pergunta: "Tá louca?"  E você só consegue apontar pra barata e gritar e chorar mais e mais...Até soluçar... 
   Realmente, parece loucura. Por que todo esse escândalo?...É simples, a barata fez a bomba explodir. Acendeu o pavio que já estava curto. E Cabummm... Não é loucura, nem drama, nem exagero. É só alguem com muita coisa guardada, muita coisa sufocante, muita coisa que precisa sair pelo menos em lágrimas, já que em palavras talvez ninguém entenda. 
 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Analogias #1 Machucados e lembranças

           Camões disse que o amor é uma ferida que dói e não se sente. Isso é verdade, mas só até que ele precise acabar.    
           Esses dias cortei o dedo tentando fazer algo de útil na cozinha, aqueles cortezinhos pequenos que nem merecem muita atenção, mas que doem pra caramba. Lavei e apertei um pouco até parar de sangrar e de doer, mas continuava doendo, ardendo, incomodando. Pensei que deveria esquecer o pequeno corte, que ignorar era a melhor atitude, porque ele iria sarar logo. Algum tempo depois a dor passou, nem lembrava mais do corte, mas logo percebi que não é tão simples assim.  Ao lavar as mãos, ao dirigir, aos escrever, e entre outras coisas que fazem parte do meu cotidiano me fizeram sentir que não tava curado, que ainda doia, e principalmente que eu deveria ter uma cuidado maior...
          E com tudo isso comecei a pensar, nossos corações partidos, nossos amores acabados, enfim, nossas dores emocionais, são bem parecidas com um machucado físico, ou pelo menos se comporta de um jeito bem similar. Assim que acontece sentimos a dor intensamente, tentamos fazer parar de sangrar e doer de imediato, mas percebemos que vai precisar de um tempinho para curar, então decidimos sentir a dor, reclamar, mostrar pra quem aparece o quanto estamos machucados (e para os outros muitas vezes parece besteira, "É só um cortezinho, não dê tanta importância, vai passar logo". E realmente, considerando a vida, o mundo, o universo, é algo minúsculo, sem importância, mas apenas quem está sentindo sabe o quanto dói.    
        Algum tempo depois quando passa a fase aguda de pior dor, comecemos a pensar que o melhor é ignorar e continuar nossas atividades normais, seguir em frente,  vai cicatrizar com certeza. E aí vamos nós tentando voltar ao normal, seguir a vida, criar novos objetivos, metas, ir em frente. Mas, infelizmente, muitas coisas vão encostar naquele machucadinho e te lembrar que ele ainda existe. Coisas simples, do nosso dia-a-dia, como estar dirigindo e passar aquela música no rádio que era a trilha sonora dos dois. Ou menos que seja uma música nova, mas com a letra que conta a história de vocês. Aquele lugar onde vocês sempre iam comer juntos e adoravam. O filme preferido dele. Aquele horário do dia que era destinado à longa conversa por celular. Até mesmo quando alguém faz uma reclamação que ele sempre fazia. E ainda tem as piores coisas. As datas comemorativas, o aniversário, em que você sempre queria ser a 1ª a ligar. Os natais e Reveillons, que vocês faziam o possível pra passarem juntos, nem que fosse por telefone ou MSN, mesmo que precisasse sair à meia noite no meio do mato procurando sinal no celular para poder ligar à meia noite em ponto. 
         E existem muito mais coisas que nos fazem sentir aquela dorzinha novamente. Mas, semelhante ao machucado físico também precisamos ter um cuidado maior. Em questões emocionais, sabe-se que tentar esquecer é lembrar ainda mais, porém, o tempo faz as feridas cicatrizarem se não mexermos nelas com muita frequencia. E podemos nos perguntar " A cicatriz vai ficar para sempre não é?". A resposta é sim, a cicatriz vai ficar para sempre, mas ela não vai mais doer. E principalmente, faz parte da sua história, e mostra que você aprendeu e superou muita coisa.