Uma vez alguém me disse "Eu sinto que ninguém entende o que penso, que ninguém está realmente perto de mim", me senti até ofendida na hora. Depois de um tempo parei para pensar e entendi o que ele quis dizer. Existem várias situações que remetem à solidão. Há pessoas que se sentem incompreendidas porque se entregam demais às emoções, acabam criando um mundo pessoal desequilibrado, exigem atenção, mas não conseguem sequer escutar conselhos de quem os quer bem. Há também os que se isolam por problemas psiquiátricos como depressão, mania, esquizofrenia e, dependendo do grau de comprometimento orgânico, eles sentem falta de serem entendidos também. Mas o título do texto, frase que fez com que uma luz se acendesse na minha mente, não se refere a essas situações citadas.
Li essa frase em um livro chamado "Jaculatórias, sugestões para o dia a dia do médico", mas, não pensei apenas na medicina, na dedicação e comprometimento que o médico precisa dispensar à profissão, tornando-se muitas vezes ausente na família, com os amigos, e até com os cuidados à própria saúde. Na verdade, a frase me fez lembrar de algumas pessoas que conheci ao longo da vida, independente da profissão, fossem eles artistas, professores, médicos, juízes, ou uma dona de casa que já é avó e criou uma família maravilhosa. Pessoas, que se esforçaram, estudaram e lutaram na vida, evoluindo muito, seja no caráter, na inteligência, ou na bondade e compreensão em relação ao mundo. Estas, também são pessoas, que na maior parte do tempo, sentem-se num vôo solo, porque desenvolveram um conhecimento pessoal acima da média, e como vivemos num mundo de provas e expiações, não é tão fácil encontrar quem partilhe das mesmas características. Essa solidão se intensifica ao se observar a ignorância e a falta de caráter de uma boa parcela de pessoas que vemos e com quem temos de conviver por aí, que desrespeitam os direitos do próximo, burlando suas obrigações e prejudicando os outros sem peso algum na consciência. Ou, por exemplo, quando se parte de uma família bem estruturada, com laços de amor e respeito bem estabelecidos, e compara-se isso aos tipos de relacionamentos comuns hoje em dia, onde vencerá o mais vantajoso, abandonando-se facilmente "um amor" quando aparece outro mais rentável.
É imperioso, apesar
disso tudo, respeitar o que não nos agrada, e fazer nossa parte de um jeito que faça o bem até para os que estão distantes de nós nessas características, afinal, não nos cabe o direito de julgar tudo. Concluí que voar alto te obriga a aprender a conviver com o silêncio e a solidão em boa parte do tempo, talvez uma vida toda, mas isso ainda me parece mais atraente do que viver num mundo cheio de pessoas barulhentas que no fim das contas não te dizem, e muito menos, te acrescentam nada.